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Brasil terá mais raios nas próximas décadas

ELAT/INPE

 

04/11//2009

 

Um planeta com mais raios é o que a humanidade terá de enfrentar em um futuro próximo. Isto é o que sugere o livro "Lightning in the tropics: from a source of fire to a monitoring system of climatic changes" (Os raios nos trópicos - de uma fonte de fogo a um sistema de monitoramento de mundanças climáticas) lançado agora em novembro pela Nova Science Publishers, de Nova York, Estados Unidos (www.novapublishers.com). "A tendência global de crescimento na frequência de raios ocorrerá fundamentalmente devido ao aumento de temperatura provocado pela maior concentração de gases estufas na atmosfera", disse Osmar Pinto Junior, autor do livro e coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Além do aumento no número de incidência de descargas atmosféricas, a distribuição geográfica do fenômeno também sofrerá alterações.

Para chegar a essas conclusões foram analisados resultados obtidos nas grandes áreas urbanas e pela maioria dos modelos climáticos, juntamente com a evidência disponível de que existem mais raios no planeta durante a ocorrência do fenômeno El Niño (aquecimento das águas do oceano Pacífico Equatorial), do que durante o La Niña (resfriamento destas águas). "A temperatura é o fator preponderante para a ocorrência de tempestades e, consequentemente, de raios. Contudo, as variações de temperatura em uma dada região dependem também das mudanças nos sistemas de circulação globais da atmosfera e das variações das temperaturas na superfície dos oceanos", comentou Pinto Junior.

O Brasil é hoje o campeão mundial de raios e deverá continuar sendo. De acordo com o ELAT, as observações feitas por satélite já indicam um aumento de 18% na incidência de descargas atmosféricas nos últimos dez anos e a tendência é de que ocorra um acréscimo ainda maior nas próximas décadas. "Os raios deverão aumentar em geral no país, mas em algumas regiões este aumento deverá ser mais significativo, como é o caso da região Amazônica. Contudo, é possível que em pequenas regiões, principalmente no sul do país, ocorram diminuições. Essas previsões dependem muito do cenário climático que deverá ocorrer nas próximas décadas em função das ações que a humanidade irá tomar para evitar o ritmo de aceleração das mudanças climáticas", acrescentou o pesquisador do INPE.

As mudanças climáticas sempre existiram ao longo da história do planeta, repercutindo com variações de temperatura global e consequentemente alterando a incidência de raios. A diferença é que a mudança climática enfrentada hoje pela humanidade está ocorrendo em uma escala de tempo muito menor, isto é, as mudanças estão ocorrendo em décadas ao invés de milhares de anos. Outro agravante é que o planeta nunca teve uma população tão grande e tecnologias tão sensíveis, o que pode fazer com que o aumento de raios implique em mais mortes e prejuízos. Para o Brasil, isto pode repercutir em graves consequências, já que o país é atingido anualmente por cerca de 50 milhões de descargas atmosféricas, que causam em média 100 mortes por ano e um prejuízo anual de 1 bilhão de reais.

O livro é o primeiro a abordar a relação entre raios e aquecimento global, apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) como extremamente importante para a compreensão das mudanças climáticas. "Lightning in the tropics: from a source of fire to a monitoring system of climatic changes" revela que, assim como no passado os raios tropicais foram a principal fonte do fogo, o que representou uma das grandes conquistas da humanidade, no futuro eles serão fundamentais para monitorar as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, particularmente o aumento de furacões e de tempestades severas.

A maior parte dos raios ocorre, atualmente, na região tropical do planeta, principalmente na porção central do continente africano, na região central da América do Sul e na Indonésia. Este fato já era conhecido até mesmo há 200 anos, como pode ser evidenciado na carta escrita pelo Marquês de Borba para sua família, em 1808, quando ele chegou ao Rio de Janeiro com Dom João VI. Ele escreveu que todos os dias ocorriam trovões como ele nunca havia escutado em sua vida. Apesar disso, a informação sobre raios nos trópicos é ainda escassa e estava dispersa. O livro reuniu e revisou pela primeira vez os dados desta região.

Como adquirir o livro
Para adquirir o livro, entre em contato com Nova Science Publishers: http://www.novapublishers.com

 

 

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